aleatório

“Precisamos de mais elos na corrente contra o preconceito”

Eu não assisto televisão – a não ser aquelas novelas mexicanas que eu sou apaixonada – e tenho meus motivos. Mudamos de canal e a única coisa que falta é sair sangue pelos encaixes do aparelho eletrônico, portanto prefiro mantê-la desligada. Mas teve um dia que minha mãe estava assistindo ao Fantástico e o quadro “Vai fazer o quê?” me chamou bastante atenção. Resolvi me sentar e assistir.

O quadro consiste em: atores colocam em prática uma cena ensaiada que envolve assuntos polêmicos e cotidianos, como racismo, abuso, violência, desrespeito, discriminação etc. em um ambiente público e esperam para ver o que as pessoas de fora, que não tem nada a ver com aquilo – ou seja, pessoas que estão apenas passando pelo local – vão fazer.

O melhor que vi até hoje foi o episódio em que uma garota loira de olhos claros apresenta o namorado negro ao pai preconceituoso. A cena aconteceu na praça de alimentação de um shopping e revoltou muita gente que estava por perto, todos indo contra o racismo. (Assista ao episódio clicando aqui).

Não entendo como é que em pleno século XXI ainda existe racismo, esse ódio pelos pretos – Sim, preto. Assim como chamo os brancos de brancos, chamo os pretos de pretos e isso não é discriminação. O que me revolta ainda mais é que o Brasil é um dos países mais preconceituosos do mundo. Um país que se orgulha de sua miscigenação é um dos mais preconceituosos do mundo.

Eu convivo com a discriminação quase sempre, principalmente através das mídias sociais, onde as pessoas se escondem atrás de perfis, tanto falsos quanto originais, pensando que não haverá consequências, e espalham ódio de todas as formas possíveis.

Neste mesmo episódio do “Vai fazer o quê?” uma mulher diz algo que me deixou bastante emocionada e feliz por existirem pessoas que pensem dessa forma: “Deus criou o ser humano, seja preto, branco, pardo. Ele não discrimina ninguém. Ele ama cada um igualmente.” (Não com essas palavras, mas com o mesmo sentido).

Venho de uma família de pretos. Tios, avós, primos, irmão, pai, todos negros. Eu os amo como se só existissem eles no mundo, pois são minha família. Não importa cor, não importa classe, não importa “orientação sexual”. O que importa é o que eles são e o que guardam por dentro. O que importa de verdade é o que eles significam para mim. E não só eles, como qualquer outra pessoa. Pessoas para mim são pessoas. Se me tratarem com respeito, os tratarei da mesma forma.

Para mim, racismo ou qualquer tipo de preconceito é ignorância. O que precisa de cura não são os gays, o que precisa de senzala – como já ouvi por aí – não são os negros. Quem precisa de algum tipo de tratamento são esses seres que espalham ódio e têm certeza de que estão certos. Precisam abrir os olhos e enxergar que todos são seres humanos com sentimentos e uma vida.

“Precisamos de mais elos na corrente contra o preconceito”, disse outra mulher do quadro.

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